A eternidade pode esperar

Já sulquei o estranho infinito sem caminhos,

enclausurada na sombra d’um coração doído,

decido agora laborar meu destino perfumado,

aromar perfumes dos céus, feito passarinhos!

Enquanto verdejarem virgens florestas longas,

farei florescer meu canteiro longe das pragas,

sei que ’inda é tempo de ver nuvens dormindo,

no tempo em que as estrelas assumem comando!

Se tempo não houver, eu roubarei a ampulheta

mágica para o tempo dormir as areias pintadas,

e jamais nascerá um passado, apenas uma volta

sem volta,onde eu replantarei minhas jornadas!

Quand’o rio esticando seu leito distante roncar,

meus passos cantantes, dolentes, compassados,

pressa não há, a velha eternidade há de esperar

que em cântaro de flores enterre meus pecados!

Alvorada! esta que me desperte muito devagar,

pois não quero me afogar na lagoa da saudade

a recordar como seu toque de pétala me invade,

meu tempo quer ter tempo até meu amor chegar!

Santos-SP-22/03/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 22/03/2006
Reeditado em 22/03/2006
Código do texto: T126609