Serenata

Ao ouvir

extasiado

Mozart pelos cantos da sala

reparo no mundo transbordando da janela

paz e sossego

entre sepulturas abertas

cartas sem nome,

quantas voltas demos nesta vida

austeros quando mais se exigiam de nós risos

ociosos quando queriam nossos labores,

eu sei que nada apagará minha dor

enquanto for de mim esquecido o pranto

ninguém lerá o poema

ninguém cuidará das feridas

ninguém afagará o semblante incendiado,

mas ah! o consolo!

Sempre haverá Mozart tristíssimo etéreo inacabado

nesta vida, nesta valsa cheia de horrores!