O MENINO DA MULETA

Dizem que é coisa da modernidade
por causa de uma pequena dificuldade,
já baixava em mim a explosão.
Foi o que aconteceu naquele dia,
quando para meu trabalho saia
quando quebrei, a fechadura do portão.

Nevoso, irritado, já apelando pra marreta,
olhando na calçada, vi um menino com muleta,
que me olhava com certa admiração.
Diretamente nos olhos, ficou a me fitar
calado, talvez nem mesmo pudesse falar
não me fez nenhum aceno, te faltava a mão.

Fiquei olhando, quando lentamente se retirou,
tão silencioso como quando ali chegou,
sua presença foi mexendo com minha emoção.
Nem precisava de alguma coisa me dizer
quieto e calado consegui compreender,
ao ver tanta calma, num corpo sem formação.

Mesmo que pudesse, não precisava falar
tocou-me, falou e muito o seu olhar,
que transmitiu uma paz no coração.
Fiquei por um longo tempo ali parado,
olhando ao longe, aquele corpo mutilado,
que trouxe pra minha alma, uma lição.
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 31/10/2008
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