A ode da minha tristeza.
Viver das suas dores, essa é minha vida,
Assumir um conjunto de dívidas impagáveis,
Com contratos de desígnios contestáveis.
Quanto à verdade, essa fica escondida.
Consumo os frutos podres, desta mesa,
Que me causam um extremo mal-estar,
Com correntes você quer me adornar,
Tenta disfarçar e diz que não estou presa.
Mas seu olhar não consegue esconder,
Ele lhe desmascara, revela sua frieza,
Sei que tanto faz, pra você, minha tristeza,
Pois o que lhe interessa é me fazer sofrer.
Sou um ornamento sutil, um retrato bonito,
Que você estima só porque pode ostentar,
Um rosto meigo e agradável pra observar,
Nos momentos em que você sente-se aflito.
Sou a única platéia desse circo de horrores,
Recuso-me aplaudir, o numero da sua loucura,
E nem mesmo sob a mais terrível tortura,
Confessarei, indulgência aos seus senhores.
Eu não sei por quanto tempo, será assim,
Conto os dias, as horas que estou perdendo,
Na esperança de me libertar, vou vivendo,
Enquanto esse tormento, não chega ao fim.
Escrevo nessa ode a minha dissidência,
Que os ventos a levem a um lugar distante
Onde ela encontre algum poeta errante,
Que a alcance com amor e veja sua essência.