À BEIRA DO CAIS – VISÃO de SONHO

 

zeraga – O Velho d’A MAR

 

Num dia de sol

À espera do barco

que me levaria para o outro lado

para a outra margem

para lá do rio

para além do mar

para além d’A mar...

olhei para aMar

olhei para o cais...

 

Plo muro molhado

muro escorregadio

de esverdeados limos

corria

que perigo

ao longo do muro

em total descuido...

menina de tranças

com uns laços claros

que esvoaçavam

ao sabor do vento...

em rabiscos claros!!!

Menina correndo...
menina bonita

que corres no cais

não corras, Menina

Cuidado, Menina!

escorregas!

cais!

no profundo mar

há belos corais…

maravilhas tais…

ao vê-las, dizemos:

‑ são quais cristais!!!

 

é o mar que te chama

a chama do fogo

que vem lá do fundo…

o mar é profundo

o mar é abismo

o mar é um perigo…

...

a mar é um perigo!

amar é um perigo…

é tremendo perigo

a mar é abismo

amar é abismo!

a mar é profundo

amar é profundo

é a mar que te chama

é amar que te chama…

 

não corras, menina

à beira do cais...

vem antes correr

voar ao encontro

do sonho que é mais

o sonho sonhado

de correr comigo

de eu correr contigo

de viver o perigo

cair no abismo

de sempre TE amar

e cada vez mais.

 

anda, menina

deixa o cais, que cais!

se vieres comigo

eu, daqui, não saio

tu, daqui, não sais!

Vens?

Ou vais?

Vem.

com outros iguais

ser dos Imortais.

 

CAIS de Setúbal, 1998/01/16

Vale de Milhaços, Corroios
Revista em 20081027