Em cantos opostos da vida
(Esta poesia foi feita a partir do poema "Encantamento"
que publiquei dias atrás no RL)
Estava lá fora flertando um cigarro,
Bebia café, um doce regalo,
De relance, detalhes de uma planta,
Um achado, simplicidade num estalo.
Ah! Criatura tão linda! Apinhada de flores,
Da cor do ouro, parece a mão pintada,
De tom suave, singelo, que fundia-se ao verde,
Reluzente leque das folhas.
Recordava-me radiado da riqueza e da fertilidade da vida,
Da dor dos desejos alheios, na busca por vida de novos sabores,
Ali estava a paz d'alma... Decodificada em multicores.
Estava lá, esvaindo fumaça, sepultando-me em vida,
Pobre dragão chinês, ao mesmo tempo refletindo, seduzido,
Porque o natural leva à altivez.
O tom delicado das pétalas, verdadeira porcelana chinesa,
Os raios do sol desprendidos, colorindo meus olhos de pureza.
Aquela visão periférica das pálidas flores,
Um contraste das favelas, um quadro, quanta pobreza!
Uma pintura... Ânsia de paz, pobres mazelas.
Oh! Coração ardente, mortal e carente, pelo vício devastado,
Lembra que teus magros irmãos vivem em pior estado.
Não sei porque escrevo, se de encanto ou desgosto,
Olho aos cantos da vida, pois que escrever é delírio,
Feitiço contra a miséria d'alma perdida.
Oh! Criatura! Quebra este agouro,
Para poder estender-lhes as mãos,
Oh! Sina de sofrimento e de angústia,
Daqueles ínfimos e insignificantes cães,
Que rosnam famintos,
Sequer conseguindo aspirar as migalhas caídas no chão,
No holocausto moderno em que inertes se inserem esperando compaixão.
Um estado de transe, um momento egoísta,
Vislumbrando as maravilhas dos seres e da humanidade vista.
Encantando os olhos estáticos do poeta, uma divina pista,
Aquelas flores, fonte de sorte aos seus pares,
Aranhas, formigas, insetos de muitas idades,
Abelhas fartando-se de graça dos néctares.
Como deixar escapar o singelo? Deixar de olhar para os lados?
Do que somos feitos, nos esquecemos,
Pequenos pedículos quebrados.
As coisas de Deus se apresentam grandiosas e complexas,
Inteligíveis... Mas que nos nossos pesadelos mortais,
Vomitam vorazes todas as realidades humanas prolixas,
E se transformam em sonhos de fantasmas reais.
AH! Sentimentos! Que afloram d'alma!
Fúteis ou verdadeiros?
Buscando a harmonia nos seres
Que aqui e acolá vão vivendo contrários,
Nada mais são que naturezas distorcidas,
Ganâncias pela mente contaminadas,
Onde fartura e pobreza se misturam vencidas,
Docemente envenenadas.
Lembro-me de Deus, que permite esta visão, estas diferenças,
A sua obra tão perfeita... E a nossa eternamente às avessas.
Esqueço-me de parar, de meditar, de olhar, de sentir como agora.
Melhor remédio é mesmo viver. Doente, se cai toda hora,
A cura está na força da retomada,
Ao invés de vegetando padecer no nada.
Contudo, continuava lá fora, fumando... Matando-me aos poucos,
Enquanto muitos morrem carentes,
Dizimados pela fome ou como loucos,
Nos mais diversos cantos da vida, sem nada, sem ninguém, esquecidos.
Se a natureza é mãe plena de todos os sentidos e sentimentos,
Como bons filhos que somos, é preciso aprender:
A viver sem desenganos.
(Esta poesia foi feita a partir do poema "Encantamento"
que publiquei dias atrás no RL)
Estava lá fora flertando um cigarro,
Bebia café, um doce regalo,
De relance, detalhes de uma planta,
Um achado, simplicidade num estalo.
Ah! Criatura tão linda! Apinhada de flores,
Da cor do ouro, parece a mão pintada,
De tom suave, singelo, que fundia-se ao verde,
Reluzente leque das folhas.
Recordava-me radiado da riqueza e da fertilidade da vida,
Da dor dos desejos alheios, na busca por vida de novos sabores,
Ali estava a paz d'alma... Decodificada em multicores.
Estava lá, esvaindo fumaça, sepultando-me em vida,
Pobre dragão chinês, ao mesmo tempo refletindo, seduzido,
Porque o natural leva à altivez.
O tom delicado das pétalas, verdadeira porcelana chinesa,
Os raios do sol desprendidos, colorindo meus olhos de pureza.
Aquela visão periférica das pálidas flores,
Um contraste das favelas, um quadro, quanta pobreza!
Uma pintura... Ânsia de paz, pobres mazelas.
Oh! Coração ardente, mortal e carente, pelo vício devastado,
Lembra que teus magros irmãos vivem em pior estado.
Não sei porque escrevo, se de encanto ou desgosto,
Olho aos cantos da vida, pois que escrever é delírio,
Feitiço contra a miséria d'alma perdida.
Oh! Criatura! Quebra este agouro,
Para poder estender-lhes as mãos,
Oh! Sina de sofrimento e de angústia,
Daqueles ínfimos e insignificantes cães,
Que rosnam famintos,
Sequer conseguindo aspirar as migalhas caídas no chão,
No holocausto moderno em que inertes se inserem esperando compaixão.
Um estado de transe, um momento egoísta,
Vislumbrando as maravilhas dos seres e da humanidade vista.
Encantando os olhos estáticos do poeta, uma divina pista,
Aquelas flores, fonte de sorte aos seus pares,
Aranhas, formigas, insetos de muitas idades,
Abelhas fartando-se de graça dos néctares.
Como deixar escapar o singelo? Deixar de olhar para os lados?
Do que somos feitos, nos esquecemos,
Pequenos pedículos quebrados.
As coisas de Deus se apresentam grandiosas e complexas,
Inteligíveis... Mas que nos nossos pesadelos mortais,
Vomitam vorazes todas as realidades humanas prolixas,
E se transformam em sonhos de fantasmas reais.
AH! Sentimentos! Que afloram d'alma!
Fúteis ou verdadeiros?
Buscando a harmonia nos seres
Que aqui e acolá vão vivendo contrários,
Nada mais são que naturezas distorcidas,
Ganâncias pela mente contaminadas,
Onde fartura e pobreza se misturam vencidas,
Docemente envenenadas.
Lembro-me de Deus, que permite esta visão, estas diferenças,
A sua obra tão perfeita... E a nossa eternamente às avessas.
Esqueço-me de parar, de meditar, de olhar, de sentir como agora.
Melhor remédio é mesmo viver. Doente, se cai toda hora,
A cura está na força da retomada,
Ao invés de vegetando padecer no nada.
Contudo, continuava lá fora, fumando... Matando-me aos poucos,
Enquanto muitos morrem carentes,
Dizimados pela fome ou como loucos,
Nos mais diversos cantos da vida, sem nada, sem ninguém, esquecidos.
Se a natureza é mãe plena de todos os sentidos e sentimentos,
Como bons filhos que somos, é preciso aprender:
A viver sem desenganos.