PRIMAVERA
Cânticos crescem em meu ser,
finos clarins imperceptíveis.
Arautos da primavera
a aquecer-me as entranhas,
iluminado-me os sentidos.
Ah! Visão miraculosa!
Flores pestanejam no ar,
e os casulos estão vazios.
Bromélias, cravos, rosas,
trazem o esquecimento
da inópia postura invernal.
Meu coração floresce a galope,
e despida de todas as eras
vibro entre a brisa,
que dança em meus cabelos.
Emocionada vejo,
um beija-flor volitar em meus lábios.
E o néctar do amor invade a saliva.
Ares de graça e eternos fulgores,
imperam neste jardim de virtudes.
Revérberos coloridos na liquidez dos lagos,
árias cantadas por asas sôfregas...
E o verde deitando sobre a face da terra,
exalando perfume e vida.
Tudo me leva a meditar,
a exaltar a essência das essências.
A ir além dos jardins das galáxias e estrelas,
no imensurável canteiro dos astros,
na açucena florescente das nebulosas,
no templo natural do sistema solar.
Pois, vibro em sentimentos,
que me tornam una a esse recanto.
Reconhecendo na imensidão anil,
a esperança enlançando-me os passos,
adoçando meus calvários e estigmas...
Paris, 2008