PRIMAVERA

Cânticos crescem em meu ser,

finos clarins imperceptíveis.

Arautos da primavera

a aquecer-me as entranhas,

iluminado-me os sentidos.

Ah! Visão miraculosa!

Flores pestanejam no ar,

e os casulos estão vazios.

Bromélias, cravos, rosas,

trazem o esquecimento

da inópia postura invernal.

Meu coração floresce a galope,

e despida de todas as eras

vibro entre a brisa,

que dança em meus cabelos.

Emocionada vejo,

um beija-flor volitar em meus lábios.

E o néctar do amor invade a saliva.

Ares de graça e eternos fulgores,

imperam neste jardim de virtudes.

Revérberos coloridos na liquidez dos lagos,

árias cantadas por asas sôfregas...

E o verde deitando sobre a face da terra,

exalando perfume e vida.

Tudo me leva a meditar,

a exaltar a essência das essências.

A ir além dos jardins das galáxias e estrelas,

no imensurável canteiro dos astros,

na açucena florescente das nebulosas,

no templo natural do sistema solar.

Pois, vibro em sentimentos,

que me tornam una a esse recanto.

Reconhecendo na imensidão anil,

a esperança enlançando-me os passos,

adoçando meus calvários e estigmas...

Paris, 2008

Iva Tai
Enviado por Iva Tai em 07/10/2008
Reeditado em 11/10/2008
Código do texto: T1215727
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