Encantamento

Estava lá fora fumando,
Tomando café na caneca,
Admirava uma planta,
Simplicidade do mundo.

Ah! Uma criatura tão linda!
Carregada de flores,
Pintadas a mão, de amarelo,
De um amarelo singelo,
Que fundia-se ao verde,
Ao intenso verde das folhas,
Que me recorda a riqueza,
Riqueza da vida,
A esperança de novos amores.

Estava lá, soltando fumaça,
Agindo contra a vida,
Ao mesmo tempo pensando nela,
Encantado, por que tudo era simples...

O tom suave das pétalas,
Parecia uma seda chinesa,
Como raios de sol desprendidos,
Colorindo meus olhos de pureza.

Aquela visão das flores singelas,
Logo tornou-se um quadro,
Pintura na mente,
Enchendo de paz
Aquele ser carente,
Pelo cigarro, devastado e magro.

Só de encanto passei a escrever,
Pois escrever é vida...
E se escreve todo dia,
Mas não se quer pensar,
Nem sequer viver,
Por vezes apenas se quer aprender.

Que maravilhosa é a natureza!
Aquelas flores, fonte de vida a todos,
Aranhas, formigas, insetos,
As abelhas se fartando do néctar puro,
Encantando os olhos estáticos do poeta.

Como me esqueço das coisas simples!
Que são grandiosas e complexas,
Como aquelas pétalas amarelinhas.
Como me esqueço dos sentimentos
Que afloram e assaltam a alma!
Como posso esquecer os momentos...
Da harmonia, ao alcance da palma.

Como me esqueço de Deus,
Que através daquela imagem,
Mostra o vulto de sua obra...

Esqueço de parar,
De meditar,
De olhar,
De sentir,
E o pior de tudo:
De viver!

E eu lá fora, ia fumando...
Morrendo aos poucos,
Mas encantado,
Apaixonado!
Pelas simplesmente lindas
Flores amarelinhas.
Geraldo Mattozo
Enviado por Geraldo Mattozo em 02/10/2008
Reeditado em 13/07/2011
Código do texto: T1208189
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