SEMÁFORO LUNAR

A rua está deserta

A hora é incerta

O tempo confunde

A chuva é intensa

E está muito forte...

Divertindo-me descubro

Que estou em cima

E também estou em baixo

É que estou vendo o meu reflexo

No asfalto molhado...

Entre um e outro

Pergunto-me pela minha sanidade

Aí percebo os meus sapatos

Completamente encharcados...

Tiro-os, não muito fácil,

Firmo os pés descalços e sigo

Para onde, não importa

Estou aonde preciso estar

E não irei me rebelar...

Apenas, quando estou triste,

Por vezes, sorrio muito,

É que acho engraçado e absurdo

Quem tem vista

E teima em viver no escuro...

Por isso digo:

Rio do perigo

Choro de felicidade

Sou toda o contrário...

E assim vou, sem muita direção

Aguardando o coração - meu indispensável semáforo -

Fazer a sinalização

Nem que seja à força

Do luar da imaginação.