UM DIA EM NOSSAS VIDAS
Final não é término.
Se considerarmos que existe a vírgula para dar espaço a imaginação.
Permanecer parado?
É a inércia de um sábio sem mandamento
na visão perfeita de um pensamento.
Quisera sim, não sentir dor.
Dor alguma.
Principalmente dor de amor.
Amor é benevolência, paciência, acalanto.
Pois se é belo e maravilhoso porque nos causa pranto?
Não nos causa o amor.
O que sofremos é dor da perda.
Mas se perdemos não é amor.
O amor não se perde nunca.
Ele é fato e condição.
Pura lembrança de vida em vida e doce esperança,
que nos alivia a alma e abranda,
a mágoa oculta da solidão.
Não, eu admito.
Sofri por amor e sei disso.
Então não há dissabor neste conformismo?
Ele dói, sim. Magoa.
Fere e desnorteia, imacula os ouvidos como um grito.
Não há dor de amor que se suporte. Até a doce morte o rejeita.
Dizer que não há dor é sacrilégio, pois então decerto não amou.
Pois eu retruco esta verdade. Se é amor, não é enfermidade.
Discuto sim este estreito laço de dor, saudade e vaidade
que a perda não consola.
Veja por esta questão.
Se você amou um dia de verdade,
o amor é pura caridade e sempre há de ter o seu perdão.
É deste amor que relevo
E é deste amor , sempre eterno.
Que vale um dia a redenção.