!!!!! Borboletas autistas !!!!

Nascem num bosque

entre insetos e flores

em suas belezas

são proclamadas rainhas,

abrem roupagem de crepúsculo real

as borboletas azuis.

Num gesto delicado, apanha-se pelas asas,

entre o polegar e o indicador, e, joga-se à janela

Menino aflito, cansado, abatido,

Num gesto de mãos e de arrepios

quer lhe tirar o compasso.

E borboleta azul de celeste

Espraia o tempo que muito lhe aquece

Voa sem pressa

sem medir os perigos

Abre as asas e mostra sua cor

ele voaria também se pudesse...

Menino parado

num banco de praça

sozinho entre sombras

ou seriam “ Arias”.

Num dia ventoso

seu sonho é conhecer mar e gaivotas.

Vive, embrenhando-se nos bosques

sem medir os perigos.

Joga tinta azul numa folha qualquer de papel...

Borboletas são borboletas

Bebem o néctar, buscam as corolas

quando a vida voa em formosos bailados,

caminhos se abrem em cobrejados,

e ventos se lembram de meras marolas.

Menino roda a cabeça, balança as mãos

E vê borboleta... Passa e voa, e volta feliz

e se encanta, em repentina revoada.

Menino acompanha e puxa os “ pecs”

Para entender se azul, ou se borboleta que diz...

Falam em asas, sem sombras das cores,

Sussurra, sussurra, menino feliz...

Às vezes se revela, dá mil rodopios,

Às vezes se confina atrás de portas abertas,

pois cores que seus olhos vão bebendo,

os vôos alegres de insetos pacatos

com asas pequenas, sentidas, azuladas

cristalizam formando essa memória

de praça, de banco, de paragem e lugares

ao sol que deita em sombras de lume.

A luz das nuvens chama e atordoa,

Sua fama corre aos quatro ventos,

Menino é guardião do bosque,

diz-se sabedor de uma profecia

da qual a ele é a prometida.

E borboleta de nada sabendo,

segue em direção ao mar,

tecendo assim o seu destino.

E, vai por aí no maior dos conceitos,

Com isto, se faz vibrar com sua coragem,

sofrer seus apuros e encantamentos

sem temer a sorte...

Menino não sabe se deve

misturar as cores do mundo

Quando ninguém o vê,

o corpo não o limita.

Quando ninguém o vê

Sabe fingir ser borboleta

Borboleta azul

não pousa em menino aflito

Menino não sabe esperar

levanta as mãos e busca a alma

receoso, infantil, indébito

como se ao longe de mundo distante

batesse asas para voar,

Menino cansado é borborleta autista!

No entanto, inebria-se, pois, tudo é perfume,

Porque a vida é breve, e é muito mais glória,

num bosque de incontáveis flores,

Ele voaria também se pudesse.

Silvânia Mendonça Almeida Margarida - 12.05.2005

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 31/08/2008
Reeditado em 23/01/2010
Código do texto: T1154659
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