Sou Poeta ou Instrumento

Curtas Lembranças ilustram o diário,

colorindo os dias

e abrandando as sólitas noites

do amor que nasceu de um sorriso!

Enquanto

caminhantes da ampulheta

ditam para escrivaninhas futuristas

a nova carta de Pandora

uma leve nuvem nasce

em meu ambiente!

Que estranha magia é esta

Que movimenta minha escrita

Ingênua, por vezes inovadora!

Que estranha melancolia é esta

Que edifica o cio da terra em

Sementes vindouras

Encantadas com ternas vaidades

Oriundas de uma voz sedosa, instigante!

Que estranha sensação é esta

Que me faz detalhar em metáforas

Vidas e amores reais

Nascidos em frases ecléticas

Expostas em talhas brancas

De uma tarde qualquer!

Que estranha beleza é esta

Que dança em bares da vida

Difundindo maestrias vocais

Entrelaçando mãos

Em sinal de paz e amor!

Que estranha ilusão é esta

Que teima em livrar-me

Da tristeza tardia esculpida

Em pequenos pecados

Oriundos de um cálice

De poucas regras e muitas idolatrias!

Que estranha sabedoria

repentina é esta

Que me acolheu como amigo

E cicatriza minhas feridas

Entoadas sempre em dó maior!

Que estranha dor é esta

Que rege no meu comportamento

Sem dilacerar meu ocidente,

Por um momento, hipócrita resisto

Em acreditar que posso e devo

Ser feliz

Que estranho momento é este

Que insiste em articular verbetes

Sem divisões expressivas

Diluindo minha solidão em pó!

Será isto uma anomalia, um dom

Não sei dizer,

só sei que sou um instrumento

Que lamenta

Em paredes finas vindas

Da arvore verde dos novos tempos!

Ou será a sua energia que

Roda em meu elemento “Ar”

Ativando meu alimento mental

Em linhas do meu pranto

Que acobertam

Meu segundo escolhido pelo vento!

Não sei mais o que dizer

Só sei escrever!

15/02/2006

Porto Alegre - RS