Fugere Urbem

muros morros mitos mortos se desmancham miúdos

num enorme mar de mil luzes

e corpos.

morteiros que se inflamam e não se apagam,

a cidade nunca pára,

a cidade nunca dorme.

o céu é cego, construído de ferro e concreto, criaram

uma estrada para isto,

alcançar um pouco mais de perto

e conhecer a cara omissa do seu sonho,

que não grita nem se move,

estanque nas teias elétricas dos postes, e no trânsito dos automóveis.

choram farpas fios favelas e filhos pelos rios insalubres

de um lugar esquecido.

o TTTiro!

traz o cheiro da pólvora,

e a pólvora, traz, em cheio,

o frio.

a bala jazida no bolso da criança que também não pára

- chora a família pela bala perdida, achada.

Lynce
Enviado por Lynce em 04/08/2008
Reeditado em 05/08/2008
Código do texto: T1113126
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