Mais uma ponte
Cheguei de novo no inicio da ponte,
longa ponte, gosto de atravessa-las
o barulho dos saltos do meu sapato
marcam o ritmo da investida
o som do rio logo abaixo
equilibra o corpo apressado
sim! a tranquilidade é bem vinda
e a sacola de erros que despacho na agua
fica sorrindo e abanando pra mim
como se nunca mais fosse voltar
não quero olhar pra baixo agora
quero fitar o horizonte
brincar de roda e fugir
durante semanas me esconder em mim
no cantinho secreto que só eu sei
entranhado nas paredes de pedra da cidade
que me aguarda ansiosa e reluzente
com seus carros a mil, endereços e nomes
placas e gritos, suspiros e arrepios
é basta eu atravessar....
são 18 horas de ansiedade e caos estomacal
são paisagens correndo ao descaso
são quilômetros de introversão sincera e pálida
não eu não quero parar...
não preciso banhar-me agora e muito menos me alimentar...
eu quero chegar ao fim da ponte, eu quero prosseguir
a paciência me cansa, como é possível ser tão paciente?
e imaginar o tempo todo o futuro sem poder toca-lo?
é como aguardar a meia noite no natal pra abrir os presentes
tortura pura e irracional, não eu não posso parar
preciso me concentrar e seguir caminhando
no ritmo necessário para chegar na hora certa
que não para de se corresponder comigo
dentro da minha cabeça