Quaresmeiras

Não tenho dons para abrilhantar.

As sombras me cintilam

e me desnudam

por inteira.

Sofro por nada dizer

de belo

ou sobre jardins enluarados.

Meus caminhos são tortos

e os pedregulhos me acompanham.

O que não tem sentido e nobreza,

o desnecessário e as sobras

são meus insumos.

Talvez, mais eloquentes do que o ritmo

acelerado

de vidas sem faces.

Não quero perder meu tempo fazendo dinheiro

quero o odor de um andar pela parede

de uma lagartixa

de cabeça pra baixo;

ela me traz sentido.

O cheiro de Leite de Rosas de meu pai

me acalenta.

ainda.

E as folhas de quaresmeiras me imensam.

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 16/07/2008
Código do texto: T1083806
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