Deu a louca
Edson Gonçalves Ferreira
Não sou a Dona Doida, a louca
Sou normal, mas o tempo aqui não
Deu a louca no planeta
No Japão, minha amiga anda suada
No Rio Grande do Sul, a poetisa está com calor
A Clara, em Brasília, saindo de casaco de pele, pode?
E nós aqui, em Divinópolis, batendo o queixo
Está no tempo de beber quentão
Trabalhando assim não dá tempo não
A lei mudou e nem quentão motorista bebe
Será que nem em festa junina, condutor de carroça pode
Acabaram-se as quadrilhas
Ninguém pula mais fogueira
Ninguém solta mais balão
É contravenção
Cadê Iaiá, cadê Ioiô
Sem poesia, não dá para viver
Está todo mundo doido
Só eu que não estou
Preciso me amalucar
Ficar que nem o planeta
Do contrário, vou fazer piruetas
Até que me achem encantado
Com o palhaço que ama o universo
Um carlitos perneta
Que canta, dança, poetisa, declama e apronta
Tudo isso só
Só para agüentar a confusão
Que assola este planeta
Isso é coisa do capeta, não é não?
Divinópolis, 14.07.08