As Mãos e a Terra
Era uma vez um pedaço de chão,
Uma terra inerte, inútil,
Sem brilho, sem vida,sem cor.
Terra de ninguém.
Era uma vez um grupo de gente,
Gente de bem, de bem com a vida,
De bem com o mundo.
Gente da terra, raízes nos pés,
Folhas nas mãos...
Olharam a terra, inóspita, seca,
Escrava do sol.
Reuniu-se essa gente, ousada,
Irreverente, idéias à mostra, enxada na mão.
Mexeram a terra, libertaram a terra,
E ela cresceu!
Gente pequena, gente crescida,
Gente mediana, tudo misturou (se).
Pernas de ferro, punhos de aço,
Corações de ouro tocaram a terra!
No início, tão poucos.
Depois vão chegando,
Curiosos e pasmos,
Até desconfiados:
( que gente maluca, será que vão plantar?
Olha o professor, sujo de terra! Olha a
Professora, sujou a mãozinha, tadinha!)
Depois, todos juntos,
Entraram em cena.
Todos eram cúmplices
Da mesma receita;
Todos opinaram, todos temperaram
Sem preconceito, orgulho ou despeito.
E a terra acariciada
Por mãos tão alegres
Cresceu, engravidou...
Pariu lindas formas,
No início, esquixóticas,
Depois bem simétricas,
Trigonométricas, geológicas,
Geométricas, emfim!
Todos de mãos dadas
Saudaram os símbolos.
Sorriso na cara,
Orgulho no peito,
Ficou a lição:
Cada um caminha com seus
Próprios pés,
Mas isso não impede
De darmos as MÃOS!
(José C.Ligeski/Set.2005)