Taperinha da Serra

No local dos meus sonhos

Que não é o Éden ideal

Minha natureza se mistura

Formando paisagem especial

De modo muito bem colocado

Que nenhum homem fez igual.

Minha tapera do alto da serra

Cheia de bichos no quintal

Nem presos, nem amarrados

Por um domínio humano brutal

Podem chamar ela de utopia

Eu chamo de vida racional

Desligado do mundo lá fora

Sem tv, internet ou jornal

Só um radinho velho de pilha

Com notícias raras da capital

Árcade chama de "fugere urbem"

De uma vida por vezes irracional

De nada serve construir paraíso

Se do lado há silêncio sepulcral

Cantiga única de riacho doce

Batido de folhas do milharal

Mugir de vaca, tatu correndo

Piado de coruja em noite de lual

Completando a vida do poeta

A musa linda, nada mais normal

Que me encosta na parede vivaz!

Cabelo de ouro, cheiro jovial

Pele delicada, sorriso luminoso

De humana, vira anjo surreal

Se me achas louco por escrever

Viajando longe na marca lirial

Vida assim de amor é bom pensar

Coração verdadeiro e natural!

Pois se coisas simples não olhas

Sua história pode não ter feliz final!