SAUDADES

Quando nos afastarmos

do asilo secreto de nossas almas

ficarão apenas quadros sem paredes,

cores ainda vivas

vistas de olhos velhos,

como quando todo o peso do injusto

se inclinar sobre nosso frágil vício...

a solidão...

Como todo injusto deixará uma luz,

esperança jazida sempre velada

que sem ser enterrada

assombrará em sonhos

de coisas futuras já quase esquecidas

e lágrimas secas de falta de dor

penderão cada dia com menor freqüência

abrindo a cova até a extinção.

Como algo real se torna saudades?

Assim como o amor se nega a contar anos,

como eu, déspota do meu sentir,

faço de mim um proscrito,

como minhas palavras pretensiosas tentam

descrever a anatomia do mesmo amor.

E não se trata de drama e lamento,

o tema não permite julgamento,

pois a cada fase do amor cabe um verso.