Ampulheta

Não vim falar-te de ontem,

de quando nasci de seu abraço

para existir em seu sorriso.

Um tempo em que beijei

todos os seus beijos na lua,

meio ao sol e o horizonte

e ainda fomos felizes noite afora.

Nem vim dizer-te sobre amanhã,

coloridas flores, imponentes,

debruçadas à mesa da cozinha.

Testemunhando o amor

que exala os aromas do fogão,

da juventude correndo tacos e azulejos

dos cômodos de um reino inteiro.

Falo-te já, sobre o já que há

correndo por entre minhas veias

- antigas, de levar o não ao coração.

Querendo o presente, embrulhado,

cujo laço: um abraço, um adorno.

Cujo desejo: um beijo na testa da alma,

areia do tempo e castelo, de pele e metal!