POEIRA
Nada melhor que um dia após a morte
Para mostrar que tudo não passou de um trote
De um sonho medonho tristonho e doce
Em meio a tanta alegria e sorte
Nada como um suspiro demorado
Para provar que a vida vale a pena
Um tombo, uma perna quebrada
Um sorriso gostoso, uma gargalhada
Nada que disse foi gravado
Só ficou a grafite no papel amassado
Só restaram páginas no mundo eletrônico
Só lembranças e lágrimas secas
No caminho tão longo
Elíptico e belo
Que o sol percorre a bilhões de anos
Não há espaço para seres humanos
Só me resta amar
E fazer um verso
Que retumba e ecoa
Na poeira cósmica do infinito universo