POEIRA

Nada melhor que um dia após a morte

Para mostrar que tudo não passou de um trote

De um sonho medonho tristonho e doce

Em meio a tanta alegria e sorte

Nada como um suspiro demorado

Para provar que a vida vale a pena

Um tombo, uma perna quebrada

Um sorriso gostoso, uma gargalhada

Nada que disse foi gravado

Só ficou a grafite no papel amassado

Só restaram páginas no mundo eletrônico

Só lembranças e lágrimas secas

No caminho tão longo

Elíptico e belo

Que o sol percorre a bilhões de anos

Não há espaço para seres humanos

Só me resta amar

E fazer um verso

Que retumba e ecoa

Na poeira cósmica do infinito universo

Sigmar Montemor
Enviado por Sigmar Montemor em 20/05/2008
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