Alienígena

Tuas contas precisas

tuas costas feridas

(por que delas precisas?)

afastam-me de ti.

Não sou de ti,

mal sei quem sou,

não sou teu amor,

não sou daqui,

sei que não sou.

Vou desenterrar

meu disco voador,

retornar às minhas loucas viagens

e aterrissar noutras paragens.

Já vi de tudo um pouco,

provei de ti, feito louco,

mas sei que não combinamos

nem minha química alienígena

com tua mímica indígena,

nem minha aura voadora

com tua alma sofredora.

Meus sonhos secretos

viraram nossos segredos.

Mas como sonhá-los,

como vivê-los,

se preferias dormir

com teus pesadelos?

Parto,

mas parte de mim

fica contigo.

Sigo e sumo,

errante e vadio,

pelo gigante vazio;

mas minha mente é cativa

de tua memória, nativa.

Siga tua história, teu rumo,

siga tua senda de venturas,

enquanto mergulho noutra fenda

em busca de aventuras.

Quisera poder ficar.

Quem sabe, talvez,

eu possa voltar.