Sem Reflexo
Perante a mim só vejo o invisível,
Aquilo que tortuosamente tento reconhecer.
Perante a mim só há o medo de mim,
E um inciso clamor pelo que perdi.
Perante a mim só vejo o desconhecido,
E um traço inacabado de uma vida em vão.
Perante a mim vejo o reflexo da face que abomino,
E a transfiguração de um monstro á me devorar.
Perante a mim vejo o divino e o grotesco,
Que se mistura nos passos imprecisos dos transeuntes.
Perante a mim só vejo aspereza e desencanto,
E a poeira das avenidas á me esconderem de mim.
Perante a mim só há estilhaços de sonhos soterrados pela dor,
E gritos que morrem de sede de voz num deserto de palavras
Perante a mim há um chão de fogo á tragar meus passos,
E minha alma nua, sem espelho, sem reflexo.
Thiago Cardoso Sepriano