Sim/Não

Há um vão

entre o que eu vejo,

o que eu sinto

e o que eu penso

e percorro

extremidade afora

sem nau, porto

nem hora para chegar.

Desse vão,

fiz morada

e não posso fugir.

Pois, é vão

os quintais, avenidas,

vizinhas e distantes nações.

Planetas, estrelas

e constelações.

É vão

todo o universo visível

e toda minúscula parte

indivisível

de minha plena existência

e das de quem, comigo,

dividem morada.

É, esse vão, também

essa dúvida:

Sobre se vejo

mesmo

o que vejo;

Sobre se sinto

mesmo

o que sinto;

Se quando penso,

penso

o que penso.