Meu verso é minha
Meu verso é o espelho
Dessa alma rouca
Não é espelho de velho
É espelho de louca.
Meu verso é doença
É esparsa demência
Meu verso é desgraça
É eterna indulgência.
Meu verso é desgraça
Do berço suave
À vida mormaça
Orquestras e Clave
Orquestra de graves
E suaves agudos
De graves entraves
De amores mudos.
Meu verso é demência
Meu verso é Entrave
Meu verso é fineza
De tristeza grave.
Meu verso é triteza
É falsa beleza
É desgraça falsa
É alma descalça.
Sou verso do avesso
Sou verso do osso
Sou beça do poço
Sou oca no moço.
Meu verso é ter tudo
E não enxergar nada.
Meu verso é ver mudo
É ser namorada.
Meu verso é o verso
Meu verso é o avesso
Meu avesso é verso
Da vida que averso.
Meu verso é o avesso
Da vida suave
Meu verso é o avesso
De amores graves.
Meu verso é o desejo
De não ser mais versa.
Meu verso é o desejo
Do amor suave.