OPOSTOS... ANNA MÜLLER
 
 
 
 
 
Opostos
Anna Müller
 
Bastam poucas palavras vindas de ti
para que a alegria teime em regressar.
É uma sensação estranha que nunca senti,
ter de lutar entre o partir e o ficar.
 
Um lado de mim insiste vigoroso na partida,
o outro, crê na tolerância e teima e implora
que não chegue jamais o momento da despedida,
e que a vida, sentencie o momento de ir embora.
 
Lados opostos degladiam-se num imenso conflito.
A realidade do lado de fora, açoita sem piedade,
A fantasia refletida, a mostrar um lado bonito
teimando em dizer que existe sim, a felicidade.
 
E dia-a-dia, a vida transtorna e maltrata...
e seu reflexo, desconhece a razão e emoção;
vida essa, que dá e tira de maneira ingrata,
e o faz-de-conta segue preenchendo o coração.
 
O lado de fora não teme em perder o pouco que tem,
mas o reflexo, teme abrir mão de um grande amor.
A razão diz que a solidão não maltrata ninguém,
a emoção, afirma que ela só traz amargura e dor.
 
Dói tanto na carne essa realidade injusta e cruel;
Arranca sem dó, todos os sonhos, toda a esperança.
Transforma os caminhos da vida carregados em fel,
restando ainda o sono, e nele, voltar a ser criança.
 
E sonhar e sonhar no reflexo dessa imaginação
que não venha mais o doloroso e frio despertar...
Que eu viva no paralelo, reflexo da minha razão,
a ter que voltar a realidade e abrir mão de amar.
 
*
 
 
 
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