Luta

As vozes do meu silêncio

falam de meus segredos

de meus limites e medos

Não têm piedade de mim.

Segredos de meus amores

Limites de meus pudores

E medo de meus tremores

Como viver assim?

E uma questão se agiganta

(A alma calada escuta)

Se minha mãe era santa

Eu sou filha de quem?

E vejo no quarto escuro

Procissão de corpos nus...

Procissão que me seduz

Sem piedade de mim.

Meu corpo então se acende

Mas minh’alma não se rende

À profana procissão.

Como viver assim?

E a questão se agiganta

(Meu corpo agora é luta)

Se minha mãe era santa

Eu sou filha de quem?

Abram asas, alcem vôo

Ó vozes que me atordoam,

Ó visões que se amontoam,

Na minha alma pequena

Pousem bem longe de mim

Me quero em paz, serena

E deste martírio o fim.

Se minha mãe era santa,

Por que desejo a maçã?

Só meu corpo se agiganta

A alma nasceu anã.

Emília Casas
Enviado por Emília Casas em 15/01/2006
Código do texto: T99283