Luta
As vozes do meu silêncio
falam de meus segredos
de meus limites e medos
Não têm piedade de mim.
Segredos de meus amores
Limites de meus pudores
E medo de meus tremores
Como viver assim?
E uma questão se agiganta
(A alma calada escuta)
Se minha mãe era santa
Eu sou filha de quem?
E vejo no quarto escuro
Procissão de corpos nus...
Procissão que me seduz
Sem piedade de mim.
Meu corpo então se acende
Mas minh’alma não se rende
À profana procissão.
Como viver assim?
E a questão se agiganta
(Meu corpo agora é luta)
Se minha mãe era santa
Eu sou filha de quem?
Abram asas, alcem vôo
Ó vozes que me atordoam,
Ó visões que se amontoam,
Na minha alma pequena
Pousem bem longe de mim
Me quero em paz, serena
E deste martírio o fim.
Se minha mãe era santa,
Por que desejo a maçã?
Só meu corpo se agiganta
A alma nasceu anã.