É cedo
É cedo. O sol ainda não despontou.
Não vá ainda. fique um pouco mais.
Talvez não tenhamos outra chance de nos amarmos.
Talvez seja esse o nosso último momento.
A vida é tão bela e tão breve,
Às vezes rígida, às vezes leve.
E é essa leveza da vida de nós dois que pretendo levar comigo,
Por onde quer que eu vá.
Fique um pouco mais e extirpe, em mim,
A saudade que já se faz presente
Como um ente desvairado percorre os nexos,
Os (des)caminhos do meu coração,
Que, sem força, deixa uma lágrima rolar,
Uma lágrima, prenúncio de solidão, de nostalgia,
De utopia que sabe os limites profundos de um reencontro...
Por isso conto, nesse conto oral
que tu, sendo meu maior bem, és o meu maior mal.
Mesmo assim não vá porque tu és o mal
Do qual jamais quero me libertar.
Não vá. É cedo; o sol não despontou.
Ainda há tempo de vivenciarmos mil e uma loucuras
e peripécias de amor.