Se poeta eu fosse também...
Se poeta eu fosse também
Haveria de buscar
Toda essência do bem
Só para lhe entregar
Se tivesse mesmo o dom
Lançaria-me no tempo
Buscando no pensamento
A mais sutil vibração
Que durasse um momento
Como dura à ilusão
Se fosse eu poetiza
Que facilmente improvisa
Um condensado de amor
Buscaria na saudade
O toque de fragilidade
Que à vida dá sabor
Deixaria minha alma
Seduzida pela vida
Encantar também a sua
E na turbulência da calma
A tristeza esquecida
Entretida na performance da lua
Assim nos dois silenciosos
Partilhando o firmamento
Deixando-nos conhecer
Seguiríamos atentos
Driblando qualquer sofrimento
Na ânsia de sobreviver
Os sonhos bem coloridos
Seriam como abrigos
Envolvendo emoções
Uma energia tamanha
Sensação um tanto estranha
Pulsando fortes paixões
Fosse eu poeta também
Haveria de dizer-lhe
Algo que fosse além
Muito alem do previsível
Que tocasse o impossível
Como ao artista convém
Que me fosse permitido
Transmitir todo sentido
Dos enganos e tristezas
De tal sorte que a verdade
Soasse com docilidade
Em meio a rude franqueza
Então amigo querido
Sussurraria no ouvido
Na intenção de o convencer
Que o mistério da vaidade
Da ilusão e da idade
É que provoca o sofrer
No entanto a felicidade
Habita a simplicidade
Que nos provoca um torpor
Nela não há falsidade
Há uma intensa claridade
Que arde na chama do amor