Meu Senhor!
Ninguém nunca será como ele,
neste planeta de absurdos.
Um espião de matas, um navegador cósmico,
Uma bebida que não embriaga,
mas consome e me come antes que eu adormeça.
Há um quê que o separa do real.
Respiro a falta de argumentos que me põe em pé
e faz das manhãs, um pesadelo ilícito, mas que motiva.
Ele nada em meu oceano nem um pouco pacífico.
Minha liberdade o escraviza,
mas eu o percebo de longe.
Ninguém terá este desligamento irreversível,
que reverto pra mim.
É um espelho, às vezes quebrado,
colado com fita durex, estilo Bukovski.
Este é meu cenário predileto:
“As escavações no palco”.
As noites que eu não durmo
e visito todos os bares
num sentimento de culpa e de perdão.
Ninguém nunca mais me levará à loucura
do mais doce sofrimento,
esta condição é visceral e absoluta.
Todos os nossos momentos
estão crucificados em mim e eu aceito.
Meu Senhor,
tenho mais mistérios que a natureza,
o meu motivo de amor tem mais
ou menos um milhão de anos-luz
e eu te amo infielmente,
para que sejas eterno enquanto eu viva.
***
Este poema é de 1985 !