FLOR ENTORNADA
FLOR ENTORNADA
Marília L. Paixão
Derramei um vaso
Quebrado de flores
Não catei os cacos
Dos perdidos amores
Uma das flores entornadas
Reclamou o quanto pode
Não ri e nem chorei
Desandei em ardores
Bastaria mais doçura
Toda pétala é cheia de formosura
Mas insensível fui me movendo
Como se bastassem as linhas do tempo
Para ter razão
O coração entristecido
Para ter razão
Um leão invencível
É por isso que flores entornadas
Procuram por portas
Que suportam tempestades
Mas ignoram resmungos
Deveria ter me calado
Deveria ter pintado o céu
Com as cores do seu agrado
Para que as flores caídas apenas gargalhassem
E olhassem para o vaso sem rancor
E olhassem ao redor para sentirem-se nuas
Afinal, nascem puras todas as criaturas
Elas não seriam as únicas.