FLOR ENTORNADA

FLOR ENTORNADA

Marília L. Paixão

Derramei um vaso

Quebrado de flores

Não catei os cacos

Dos perdidos amores

Uma das flores entornadas

Reclamou o quanto pode

Não ri e nem chorei

Desandei em ardores

Bastaria mais doçura

Toda pétala é cheia de formosura

Mas insensível fui me movendo

Como se bastassem as linhas do tempo

Para ter razão

O coração entristecido

Para ter razão

Um leão invencível

É por isso que flores entornadas

Procuram por portas

Que suportam tempestades

Mas ignoram resmungos

Deveria ter me calado

Deveria ter pintado o céu

Com as cores do seu agrado

Para que as flores caídas apenas gargalhassem

E olhassem para o vaso sem rancor

E olhassem ao redor para sentirem-se nuas

Afinal, nascem puras todas as criaturas

Elas não seriam as únicas.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 14/05/2008
Código do texto: T989317
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