MAIS QUE UMA MERA UTOPIA

Autoria de Regilene Rodrigues Neves

Ainda que eu derrame sonhos

Sobre os lençóis da alma...

Que eu pegue a linha do horizonte

Avistada sobre os montes...

Que eu vire borboleta de pólen em pólen

Saciando néctares de flores...

Que eu disfarce entre nuvens

A face oculta do meu eu...

Que eu desalinhe essa reta incerta

Que ruma a esmo sem destino do meu destino...

Que eu siga em frente numa direção oposta

A esse desencontro de ilusões...

Que eu entre por ruas e avenidas de esperança

Adormecendo sobre quimeras...

Que do infinito eu levante sóis e luas de belezas nuas

Contemplados do silêncio do firmamento...

Que eu falasse a língua dos homens

Em nome da paz...

Que eu libertasse a liberdade

Presa em meus desejos...

Que eu fizesse de tudo um nada

E de nada um tudo...

Que do meu grito ouvisse

A voz aguerrida de uma guerreira...

Que colhesse estrelas

Das paredes azuis do céu...

Que as ondas não deitassem sobre o caudaloso mar

Apenas se quebrassem em indivisível prazer...

Que esta paisagem que aqui se descortina

Enxergassem além das sombras do obscuro...

Que depois do túnel eu visse

Uma luz apontando a direção do paraíso...

Que a nossa amizade

Não dependesse de uma presença física

Porque em almas nossas afinidades

Estarão eternamente presentes...

Que o amor em seu front avistasse

Um coração em êxtase de paixão consumida...

Que eu escreva somente emoções pelas vertentes da alma

Mesmo que elas desencontrem e endureçam,

Mas que jamais percam a ternura...

Que eu faça frases e desfaça letras na mesma poesia,

Num compendio de palavras advindas do absoluto,

Para que de que em que,

Eu faça mais que um poema vestido de mera utopia...

Em 14 de maio de 2008