Partida

Saio de cena, recolho a bandeira que me carregou,

fecho as portas da vida dando adeus às matrizes

que fez de mim o ser que sou.

Volto buscando o caminho que trilhei um dia,

nas idas e vindas sei dos sonhos que vivi

e do vazio onde me mantinha escondida.

Suspiro novamente o início seqüenciado da procissão,

mãos se juntam e fazem a reza que sai da boca,

que brota e germina na força de um futuro sem ação.

Rodo o mundo até que me vence o cansaço

a procura dos velhos pergaminhos revelando cores do passado

mostrado nas mãos a marca do tempo que feriu como aço.

Última chama da vela ainda acesa no altar abandonado,

reclama do fim que espera sem ao menos saber

de onde sopra o vento, seria isso a tristeza?

Que durma a terra no leito rio que não corre mais,

cale as aves seu canto sem dor ou emoção,

silenciem os abismos suas próprias incertezas...

Aisha
Enviado por Aisha em 13/05/2008
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