Partida
Saio de cena, recolho a bandeira que me carregou,
fecho as portas da vida dando adeus às matrizes
que fez de mim o ser que sou.
Volto buscando o caminho que trilhei um dia,
nas idas e vindas sei dos sonhos que vivi
e do vazio onde me mantinha escondida.
Suspiro novamente o início seqüenciado da procissão,
mãos se juntam e fazem a reza que sai da boca,
que brota e germina na força de um futuro sem ação.
Rodo o mundo até que me vence o cansaço
a procura dos velhos pergaminhos revelando cores do passado
mostrado nas mãos a marca do tempo que feriu como aço.
Última chama da vela ainda acesa no altar abandonado,
reclama do fim que espera sem ao menos saber
de onde sopra o vento, seria isso a tristeza?
Que durma a terra no leito rio que não corre mais,
cale as aves seu canto sem dor ou emoção,
silenciem os abismos suas próprias incertezas...