LAMENTO DE UMA RAINHA

Rastejando abaixo de meus filhos,

Não me culpe pelos erros de meu ventre.

Eles sempre me acompanharam,

Eis meu juízo adiantado.

Meu canto sempre foi lamentável,

Vejo a platéia aplaudir

Como uma vitória merecida.

Não conhecem o tormento do destino!

Jamais fui tocada sem ferir.

Os gritos mudos queimam minha garganta.

Quem me chamou de amor?

Minhas irmãs tornaram-se presente,

Confiaram em seus espelhos d'água.

Esse corpo é meu pecado,

O sangue é banho.

Mas a compreensão tomou-me.

Agora sei que não tenho coração.

Rainha do jardim das flores!

Que lâmina traz contigo?

Como ousa adentrar meu ventre?

Há um novo caminho!

O jardim já não é mais uma visão.

Apenas leve-me daqui!

Lábios doces me tocam.

Já posso descansar,

A luta acaba entre as páginas sete e seis.

01/03/07