UM SONHO DE SERTANEJO

UM SONHO DE SERTANEJO

Parece que brota da secura do chão,

e se levanta a lua dourada, cria da terra,

pra despejar a luz por toda essa solidão.

Ora em vez, em banho de prata invade o sertão,

branqueando os galhos toscos e desfolhados.

O chão quente ardendo como brasa

segue os dias bafejando mormaço,

e faz de pedra o fundo seco do açude.

Há que ter fibra pra vencer o sofrimento,

faz assim o cardeiro, e, também, o xique-xique

na caatinga, em agonia, implorando uma chuvinha.

Mas diz a flor do mandacaru que ela vem,

e, benfazejo, São Francisco eu já te vejo,

refletindo a grande lua e matando a sede dessa terra.