Mãe é todo o verbo Amar
Tenho a vida parada
Suspendi hoje o meu tempo.
Sou sonho e madrugada;
Sou também a alvorada,
Sou a sombra que há no vento.
Tenho na alma a quimera
De um respirar cadente…
Sou o silêncio da espera,
Sou o círculo não a esfera,
Sou o minuto presente.
Na calma já desejada
Escuto o som da despedida…
Sou a luz quase apagada,
Sou como a lua gelada,
Sou ave no céu caída.
Minha alma sente o bater
Dum coração que se esvai…
Sou memória a percorrer,
Sou raiz que vai romper,
Sou a chuva quando cai.
Ouço o eco repetindo
E o silêncio a murmurar…
Sou o espaço se abrindo,
Sou uma estrela surgindo,
Sou manhã a despertar.
No espaço que me separa
Do corpo em que vivi…
Sou a ferida que não sara,
Sou o grito que dispara,
Sou a dor que não esqueci.
E quando o fio se quebrar
E minha alma desprender…
Mãe é todo o verbo Amar,
Mãe tem no céu um lugar,
Mãe nunca pode morrer!