Página de Anúncio
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Anuncio nas páginas do meu caderno,
Que coloco à venda, ou dou de graça o inferno,
Mais o escuro que pintou meus dias,
E a amaldiçoada poção que fez minhas noites frias.
Junto no pacote, dou a má sorte,
E o desprezo que colhi do vento norte;
Quem quiser levar a encomenda,
Junto de bom grado os escritos feios da minha sebenta,
E o olhar desesperado que por vezes me visita,
E me mata, em sorte maldita;
E para largar de vez o meu fado,
Anuncio que dou desconto, e ainda pago,
Para virar meu rumo e minha vida para outro lado.
Quem quiser ver o artigo anunciado,
Ligue para o meu número,
Ou visite-me junto da árvore do condado,
Na porta pintada com lágrimas sem cor,
Toque na campainha ou chame pelo senhor,
Ou assobie bem alto,
Que eu desço até ao asfalto!
Nenúfar 9/5/2008