Morfeu

Aqui neste Coliseu

Ouço uma voz

Que me chama ao ópio noturno...

E me entrego

De olhos fechados

Sigo em direção ao nada

Levo nas mãos o medo

E inspiro a fumaça

Solidão

Sou puro tédio

Dos pés a áurea

Tédio

Desamor

Desço os degraus do vício

E me afogo num Guamá de dor!

A cabeça lateja

O peito...

Não pulsa mais

Tudo pára... E continua

Giro

Volto

E tudo gira

E tudo torna

Tudo é nada!

Nada!

Quero o dionisíaco

Sou bacante

Sou fuga

Quero evadir minh´alma

Quero cessar o real!

Apolo, meu amante,retorne!

O pagão é o que me consola

Nada! Nada me consola!

Não sei quem sou

Sei! Sei bem quem sou!

Não sei onde o Deus cristão

Se escondeu

Atrás das nuvens do cigarro talvez...

Lívia Noronha.

Belém, dezembro de 2004.

Lívia Noronha
Enviado por Lívia Noronha em 11/05/2008
Código do texto: T984743
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