INSANIDADES!!!

Correr pela vertente do rio

Em fuga ao mar adiante

Navegar na beira do abismo

Entre os reflexos do primeiro Sol

Paira entre a Lua e a próxima estrela

Um rasgo na folha que seca ao dia

Carregar caixas de palavras pelo espaço

Que o destino impregna outra vez

Quantas voltas o mundo dará até a próxima parada?

Frascos empilhados numa varanda esquecida

De tantos verbos que a voz picota

Um grito que se espalha pelo ar

Entre o olhar soturno que vigia

Vai rolando feito cometa pelo cosmos

Traficamos sentidos entre confeitos adornados

Relevamos ao ocaso cada passo do dia

Panacéias varzinas entre magos & bruxos

Na tez que o olhar trafega

Mira a toga vagando nas ruas de Constantinopla

Entre seixos que na margem se banham

Espectros daquilo que fomos um dia

Ah! Lamentos que a alma encanece

Do vídeo que espreita outro diálogo

“Da garota do adeus” alguma fascinação

Todas as cortinas ainda fechadas

Pelos extensos que percorrem a “Encruzilhada”

O rasgo que se faz na terra do jazz

Sempre haverá essa busca...

Fumaça escalando as paredes amareladas

Outro copo vazio como a minha carteira

O lápis que aponta o coração da folha

Ao ombro que busca refúgio agora

Mira o horizonte entre o sim e o não

O olho brilhante da lágrima em fuga

O último gozo que arranquei...

Terei errado nas medidas do tempo

Aflitos pensantes em jorros & colóquios

Casernas & bibliotecas queimando na noite

Varadero misógina incrustada na Ilha

Balançar as mãos enquanto se caminha

O fero licor que a angústia grifa

Ainda me faltaram duas moedas

Valha-me barqueiro, ficarei de novo nesta margem...

Entre guerreiros esquecidos pelo tempo

Que o pó cobriu pelas nódoas do tempo

Silício para novos convívios noturnos

Escritos perdidos no HD corrompido

Vocate, para versos imperfeitos...

Vermelho para falar sobre a fome

Nos perjúrios somos todos pagãos

Na lápide encerra o triste calar da arma

Atiradores meliantes afogam as elites

Velas baixas para novas maresias

Corsários invadem recantos & partituras

Trocados & experimentos no vento solar

Trajetórias entrecortam as três pirâmides

Curso superior na gaveta da direita

Afagos ressentidos, teorias conspiratórias...

Novas Áfricas, rusgas & intransigências...

Relendo emendas de uma constituição

Vazante escárnio do inculto trôpego

Afundam o baú com o peso dos anos

Telemetrias cardíacas entre vinhas frisantes

Bateu no seco a fome vespertina

A mão que toca o dorso

Quando estou entre suas coxas

Meu lábio fustiga seu lábio debaixo

Nexos pelos lados da “Marúsia”

Feros gritos de Ginsberg no atacado

Varejo de tantas almas perdidas

Toledo, novos sinos na Andaluzia...

Varreduras no sistema utilizando amplexos

Latrinas espalhadas pelo deserto andino

Pilhérias latentes pelo topo do mundo

Ortodoxas vaginas em leilões de afetos

Foca a flora no ácido que malha arde

Fibras para novas energias, água pesada...

Fui buscar as citações entre o Mar Morto

E a lírica que entoa o rei que se perdeu no mar

Lamentos vindos do século XI

Rasgando palavras para ofensas divinas

Conclusões indeterminadas, excessos cotidianos...

Descanso bem vindo na amada Ilha

Rindo das travessuras desse tal Baudolino

Tantas páginas sendo viradas

Novos e velhos personagens digladiando-se

A história é madrasta para quem fica na margem...

Enquanto eu passo, outro vem e me derruba...

A mão nem sempre levanta o corpo estendido

Corrói o tempo com distâncias intranqüilas

Mesmo quando ao alcance da mão está

Partidas inesperadas para outro plano austral

O coração austinente no peito que lateja

Algum dia se descobrir replicante

Auras vogando em piras no Báltico

Enquanto a sina estreita o vigor de ontem

E olha o corpo que destila desejos & súplicas

Na tez que espera um sorriso mais próximo

Corta as folhas secas da roseira

Fios decapando na rede alguns dias antes do Natal

O intérprete de novas partituras

Alude o vestal noturno na voz e deixa

O sorriso que espera o brilho da gueixa

Partituras trocadas para tirar novos arranjos

Entre suas coxas escondem tantos mistérios

A espada descansa o guerreiro...

O peso que o ouro em cobre expia

Células dispersivas na colméia geral

Generais comandando tantos espiões

A cor tinge de púrpura o sangue que escapa

Cortante lâmina dilacera o coração

Lamentos & uivos vindos de Tróia

Gargantas profundas para o lixo atômico

De Andrômeda veio um sinal de luz

O papel jornal cinge como os novos papiros

O sorriso que esconde toda uma obra...

De Leonardo tudo se espera, novos segredos...

Abusos inesperados, rompantes lucrativos...

Apenas para ver que tudo ainda está retido

E tua voz calada no canto da noite

Aflito o coração navega sem destino

Gotas cristalinas pelo canto da sala

Entre a solidão que toca o dia seguinte

E outra noite quase esquecida...

Lamúrias que não trazem nada de volta

Apenas ressecam o mar de lágrimas

Valha-me barqueiro, ainda estou aqui...

Nesta margem a espera de uma passagem

Voltarei pelo mesmo caminho procurando moedas

Dos cursos que toquei pela vida

De todas as portas que se fecharam

Tomei a mão estendida com a minha destra

E sorri para dia, demônios vão para o inferno...

A pedra que falseia nas elegias fanáticas

O vazio das línguas malditas que a boca escancara

Guerras sujas sem uma melhor razão

Tombam carcaças, sobram estilhaços & deficientes...

Malversação em todas as mangas dos governos

Sobre a terra que pari novos dependentes

Melindres e aviltes entre salas & portas

Alunos que passam pelas escolas

Na sub-faturada educação que os empurram

Daqueles que se propagam seres civilizados

Mal fazem, executam ou agem...

Destilados com toxinas neuro-cardíacas

Panacéias hereditárias contornam a ação do tempo

Envasados em têmperas e outros quintais

Agulhas para o xarope dos Andes

Novos contrabandos, velhos serviços,

Odisséia de negócios para velhas moedas

Enganados de fato pelo risco fiscal

Taxas & juros fora da ordem pública

Sobrepujando dores e imensa gordura

Láctea opressa o vácuo outras descobertas...

Querer é um verbo mal-tratado

Agonia na espera de um novo contato...

Trabalhos parados esperando conclusão

Promessas vazias para se livrar de estorvos

O entorno do leito vazio, canecas partidas...

O fero espinho que entala na garganta

O olhar distante qual farol noturno

Novos leitores para tempos futuros

Velhos amigos perdidos na distância

A preguiça de atravessar a rua

Vestígios perdidos no vale em setembro

Figurantes cortesias a partir de janeiro

O pão ficou mais seco sem a água da vida

E as palavras se perderam no vazio do olhar

Tantas histórias para serem contadas

Vampiros sugando meu último respiro

Todo mundo quer tudo, poucos estão para oferecer...

E o medo circula os pés na calçada fria

Bastidores da política que apenas engorda

Galhofas puritanas invadindo as TVs

Seriados cortados pela hora do almoço

Frascos sem componentes adulteram a realidade

Crianças batendo boca, dentes perdidos...

Sossego no paraíso fiscal...

No escopo de frases pela vertente sintética

Cibernético encontro das massas aflitas

Putarias lacerantes com cortejo e expia

Rendem audiência, e o livro quase fechado...

Aquilo que se reflete para aquilo que se reflita

Encargos na sobrecarga dos ombros desvalidos

O copo seco paira na mesa

Fumaças tragadas pairando no espelho...

Mãos sofrem sem o afago preferido

Quantas saudades dos teus seios fartos

Ainda chorando a minha insanidade

Recluso navegador do mar infinito

No vago suporte da cadeira giratória

O acre gosto que a boca sente

No distante beijo que se largou no passado

Toda revolução será previsível

No lastro que reduz o navegar de hoje

Tem no olhar sempre aflito solidões & afins

Algumas mentiras encobrem inúmeras verdades

E ninguém te pedirá desculpas...

Sentou no colo da vida e saiu depressa

Olhou para trás para ver um sorriso

E escondeu outra lágrima para amanhã

Latomia nas vertentes pela voz calada

Fugas arranjadas na nova composição

Tiranias cometidas para reverter destinos

Massagens dos afogados para olhar a Gaia

Crentes e descrentes a espera de algum perdão

Absolvidos respiram aliviados

Malditos são deixados para trás

Ainda esperando a próxima barca

Apesar de tudo...

Das relações que levam ao bom da vida!

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 13/01/2006
Reeditado em 22/06/2006
Código do texto: T98333
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