Não ter que lembrar que me lembro de ti
Ainda lembro das sextas
de um tempo passado,
do passeio abraçado
e do beijo roubado
numa noite de frio.
Ainda lembro os jantares,
ou das mesas dos bares.
Das trocas de olhares.
Do retorno para casa,
bem tarde,
do amor sem alarde,
para não acordar a nenê.
Ainda procuro o porquê
dessa guinada que demos.
Nem as cartas mais lemos.
Lembranças tão belas,
e que noites aquelas,
sem dizermos adeus,
eu me aproximava de Deus,
estando perto de tí.
O abraço cansado
no teu corpo suado,
nessa sexta perdi.
E então eu pedi
para essa sexta passar,
prá não ter que lembrar
que me lembro de ti.