Numa noite de sexta

Sexta-feira, começo de noite.

Tormento,

um novo lamento me escapa.

Solitário de novo,

me encontro na ponta do mapa.

Distante de tí,

distante de mim.

Ainda creio que os solitários se descobrem

nas noites de sexta.

Quando tudo acontece no mundo

me encolho no fundo

do meu próprio ser.

Andando de um lado a outro, as portas fechadas,

e se eu as abrisse?

Nada.

Cada passo, contado

na sala fechada,

fera acuada, enjaulada.

Ah, sexta-feira,

que angústias me trazes

e então faço as pazes com minha solidão.

Me pergunto, então:

O que fiz com o meu coração?

Até procurei um culpado,

para sentir-me vingado, não deu...

O culpado encontrado,

era eu.

As palavras que escrevo

dizem o que não me atrevo

a falar para mim.

Então fico assim,

solitário, aturdido,

escrevendo, perdido,

numa noite de sexta.

helio ahcor
Enviado por helio ahcor em 09/05/2008
Código do texto: T982579
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