ALMA PRISIONEIRA

O quarto na penumbra, tentando revelar a solidão.

As figuras nas paredes emolduradas mostram que o tempo passou.

Nas mãos frias e finas o ultimo trago de um cigarro.

O tempo corre, a solidão se afirma.

Alma escura, esperança sofrida, esquecida e carente.

Já não há cor, nem amor.

O tempo é seu próprio caminho, que o vê passar através da vidraça embaçada pela poeira que o vento jogou.

Cruel destino, assim como passarinho; abandona o ninho para não mais voltar.

Saudade escorrida pelo ralo da vida, que assim fora imposta.

O quarto do pequeno submundo, fechado e criado para resgatar as lembranças, mas que lembranças?

Mundo pequeno, mesquinho, de uma sociedade absurda.

Querer gritar, ninguém ouvirá.

Presa nesse corpo inerte, sem solução, um amor corroído, sem dó, nem compaixão.

Não pede pena, apenas se alimenta daquilo que lhe resta.

Uma vida sem sentimentos, vive a alma aprisionada dentro dessa tristeza.

Não lhe impeça a vida, por mais dura a verdade.

Não foge a realidade de tudo que viveu, amou, sofreu.

Mas ainda assim espera a sorte, que não seja ainda a morte.

Pobre coração que bate gemido, sofrido.

Ainda que solitário, calado, cabe ainda sair de seu desamparo.

Buscar em um outro braço o tempo perdido.

Buscando no tempo sentimentos esquecidos, revivendo a vida, esquecendo o passado.

Zanne Murray
Enviado por Zanne Murray em 09/05/2008
Código do texto: T981691
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