Da dor

O corte é profundo,

então eu sangro.

Escorrego no líquido,

coagulado, obsceno.

Enfaixo o talhe,

pelo lado oposto.

A ferida arde,

e eu choro, covarde.

Depois de cicatrizado,

faço um desenho ali.

Uma flor, uma borboleta,

os olhos, cor de rubi.

O mesmo tom do sangue

eu ainda vejo, preso, em mim.

No externo, ele é verde,

e no interno, transcorre verniz.