Gambiarra
A máscara da palavra
mascava
dedos em riste
fiapos de língua
risco
em fina flor
chocalho de matizes
bocas lilases
inventos em quase fases
suas onomatopéias e frases
sua primeira dor
a palavra no atalho
a máscara no assoalho
a vida desconstruída
o inverno e seu rigor
a palavra sem olhos
a palavra cem olhos
formas e cálices
artefatos de medo
polpas e segredos
mostram a sua cara....
másculas
e máculas
nódoas
insensatas
taras interrompem
os gritos de amor...
A palavra e suas falhas
A palavra e suas falas
memórias
convertidas
onde não se sabe quem
terra de ninguém
A palavra e suas normas
destituídas
para o sempre
quase nunca entende
a brita ferida
que escorre
leite pus
carne e sangue
transita e dorme
numa nuvem de transgressão e porre
A máscara caiu no primeiro gole
nenhuma solidão acima desta enfática
desordem
A palavra imita o transtorno e a vida
Com ela o malabarismo
O encanto
O fetichismo
O espectro
O espanto
O ritmo
Transforme!