Gambiarra

A máscara da palavra

mascava

dedos em riste

fiapos de língua

risco

em fina flor

chocalho de matizes

bocas lilases

inventos em quase fases

suas onomatopéias e frases

sua primeira dor

a palavra no atalho

a máscara no assoalho

a vida desconstruída

o inverno e seu rigor

a palavra sem olhos

a palavra cem olhos

formas e cálices

artefatos de medo

polpas e segredos

mostram a sua cara....

másculas

e máculas

nódoas

insensatas

taras interrompem

os gritos de amor...

A palavra e suas falhas

A palavra e suas falas

memórias

convertidas

onde não se sabe quem

terra de ninguém

A palavra e suas normas

destituídas

para o sempre

quase nunca entende

a brita ferida

que escorre

leite pus

carne e sangue

transita e dorme

numa nuvem de transgressão e porre

A máscara caiu no primeiro gole

nenhuma solidão acima desta enfática

desordem

A palavra imita o transtorno e a vida

Com ela o malabarismo

O encanto

O fetichismo

O espectro

O espanto

O ritmo

Transforme!

Izabella Gamellas
Enviado por Izabella Gamellas em 13/01/2006
Código do texto: T98143