O IMPAGÁVEL RISO DOS CÉUS

O IMPAGÁVEL RISO DOS CÉUS

Juliana S. Valis

Pra quem nunca venceu no jogo da hipocrisia,

Pra quem nunca subiu nos palanques do mundo,

Pra quem sempre suou, enquanto o néscio sorria

Na riqueza efêmera do show mais imundo,

Eis o aplauso gratuito do dia:

Na pacífica luz do céu mais fecundo !

Pra quem nunca ganhou de graça na vida

Diploma, nem Oscar, nem brinde, nem véu,

Pra quem sempre lutou por luz na saída

De tantos problemas no mundo, escarcéu,

Eis o aplauso que o espírito abriga:

Amor indelével, sem briga nem fel !

Pra quem não foi eleito, nem perfeito em nada,

Pra quem soube perder em cada vã olimpíada,

Pra quem sempre ajudou “qualquer um” nessa estrada

Do tempo, da fé, da dor e da vida,

Eis o aplauso singelo do amor que nos brada:

Além da matéria que o mundo elucida !

E pra quem sempre viveu sem glórias nem véus,

Pra quem nunca foi miss – qualquer – coisa,

Nem quis medalhas, títulos, honras, troféus,

Eis aqui o maior dos prêmios humanos:

O sincero, impagável riso dos céus !