BANZO
Foi quando me arranquei de ti
e fiquei sem pernas e braços,
sem coração, sem mente. Senti
amarrarem-se mais os laços.
Então me perdi nos espaços
vazios entre o que foi e o que seria
e o que não aconteceu...Eu ,
sem passos, no negrume da melancolia.
Sem lume, toda noite, todo dia,
dizimada pela inanição, pelo fastio,
corpo e alma em mortal agonia,
vagando por um deserto frio.
Vida suspensa no sem fim do infinito,
no tempo estreito da monotonia
e da desesperança... Só o grito
da absoluta nostalgia que avança...
Tão longe... e tão perto...
uma tristeza absurda demais,
moléstia estranha, que entranha,
um banzo do nunca mais...
Lina Meirelles
Rio, 07.05.08