Morte...

Passa a vida quase despercebida

Pelas escadas escuras e perdidas

Nas entranhas do sol nascer.

Luz que se faz presente

Iluminando sonhos descontentes

Nas faces mórbidas da lua.

E a rua parece a mesma

Na calma que perdeu a hora

A pressa de ir embora

Outros sonhos conquistar.

Solene se faz o momento

No gesto da alma cansada

Que persegue sua jornada

Até onde o corpo aguentar.

Cantando seguem os loucos

Porque talvez seja pouco

O delírio do entardecer.

Mirando a fresta do escombro

Avançam sem nenhum assombro

Para a boca risonha do abismo.

E até parece cinismo...

Que a morte matreira e fria

Em sua carruagem ligeira

Venha nos encontrar...

E como um presente do céu

No seu último desejo

A boca da vida beijar...