Roda da palavra
Treme o galho... Ergue-se a tez.
Aguda, disforme e infante,
A primeira palavra pede a vez:
Ser-te-á a amante!
Abre-se qual um horizonte imenso
E, a antevê-la, a injusta infinitude.
No Amanhã, se for, será o que penso,
A palavra da minha incompletude!
E nas marés túrgidas e perenes,
Interpõe-se a boca de ávido sentido.
O universo - vassalo de outros seres -
Engravida-me de palavras, ressentido!
O silêncio faz-se em vulto... e tece;
Tal abismo, a boca cai e range;
O ser, de mim, desaparece...
Tange!
Canoas, 04 de maio de 2008/RS