Ao compositor
Ao compositor
maria da graça almeida
O sonho definha-se na secura do vazio, na frieza da distância. A alvura da tela perdura. A mudez da corda fere, fura.A tecla queda-se morta. O espectro da sua voz me tortura.
Poucas notas, dois acordes e a harmonia -mesmo se nem harmônica fosse- já me bastariam, mas nem isso... e nem nada, apenas as claves da melancolia e o choro de uma sinfonia, à mercê de uma ansiedade que me compromete; reféns do descaso a que se submetem.
E minha interna sinfonia, não desiste, persiste, insiste e pede, não dá paz à criatura, pois que perdida já está minha antiga compostura.