RABISCANDO

RABISCANDO

O menino ficou faz tempo.

A voz não mais o alcança.

Mergulhou no rio escuro

bateu na pedra

cresceu

com o galo na testa

ficou diferente

esquisito

cheio de formas, papéis, documentos

sem tempo, com tempo

escorrendo

pelos dedos

marcado no rosto com as pedras

os cuspes, as quedas traiçoeiras

com os capins amarrados

nas trilhas.

Vive tentando olhar a vida

rabiscando papéis

com caneta de tinta só sua

que ninguém

rouba...

podem até jogar na sua cara,

não suja.

Sua cara, seu espelho

é sua casa

é a tinta.

Faz. Parati,12.04.2008